Hospital Municipal: Gestão ou Exceção? - por Edison Pires
Publicado em:
21 de novembro de 2025 às 15:00:00

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Há algumas semanas publiquei um texto que perguntava “aonde foram parar as obras com recursos próprios?”, me referindo às ações municipais, uma vez que quase a totalidade das Prefeituras no Brasil têm divulgado um sem número de obras realizadas através de emendas parlamentares ou repasses estaduais ou federais. Quer dizer, há muito não se vê uma obra significativa custeada integralmente pelo poder Executivo Municipal e, muito menos, aquela célebre frase que enchia os prefeitos de orgulho: “Construído com dinheiro da prefeitura”!
Embora a minha pergunta continue sem a devida resposta - o que me deixa sem entender para onde está indo o dinheiro das prefeituras, o que está sendo feito com ele, por qual motivo desapareceu de uma hora para outra -, vi que ainda há uma luz no fim do túnel. E, convenhamos, que luz!
Para minha surpresa, nesta semana acompanhei uma matéria do site MUNDO N, da GAZETA, que a Prefeitura de Santana de Parnaíba inaugurou um hospital - Hospital e Maternidade Municipal Santa Ana -, durante as festividades do seu 445º aniversário de fundação. A boa notícia é que, conforme divulgado, toda a obra foi financiada pelo poder público municipal, ou seja, pela Prefeitura.
Os números da obra são impressionantes: 14 mil m² de área construída e capacidade para 200 leitos, o hospital contará com pronto-socorro adulto e infantil, centro cirúrgico, unidades de internação, UTI e exames de imagem com tecnologia de ponta — incluindo raio-X, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Na reportagem o governador Tarcísio de Freitas mencionou que o hospital não vai atender apenas aos moradores de Santana de Parnaíba, mas também a região, inclusive Araçariguama. Para isso, o Estado vai auxiliar oferecendo a Tabela SUS Paulista, que complementa os valores pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) federal aos hospitais, inclusive os municipais.
Tudo bem que o município de Santana de Parnaíba é uma potência. Só o Orçamento Municipal para 2026 é estimado em R$ 2 bilhões. Quer dizer, a grosso modo, dá para bancar a construção de um hospital, né?
Só que, numa despretensiosa pesquisa na Internet, vi qual é a renda per capta (indicador econômico que representa a média de renda de uma população, calculada ao dividir a renda total da cidade pelo número de habitantes) de Santana: R$ 79.579,96 por habitante com base nos dados do ano de 2021. Achei razoável!
Só por curiosidade pesquisei a renda per capta de Araçariguama e fiquei surpreso: R$ 206.250,44 também com base em 2021. Não, não errei: são duzentos e seis mil reais e uns quebrados. Quer dizer, Araçariguama tem uma renda per capta 2,5 vezes maior do que Santana de Parnaiba!
Não quero entrar no mérito se dá ou não para a nossa querida Princesinha da Castello também construir seu hospital. Não sou político/administrador público, então fica difícil saber os “porquês” de muita coisa.
Mas, acredito que uma cidade que conte com um dinheiro desses consiga ao menos manter a higiene, os móveis, as roupas de cama, os remédios, os prédios, as especialidades médicas, os exames, tudo em dia, né? Não precisa construir um hospitalzão, mas manter em ordem e dar uma ampliadinha aqui, uma melhorada ali, um capricho acolá acho que dá! Mas tem que ser algo de boa qualidade e não meia-boca, só para dizer que está sendo feito!
Enfim, quero parabenizar Santana de Parnaíba não só pelos 445 Anos, mas pela construção, inauguração e entrega do hospital maternidade, e, por mostrar que quando se quer fazer, é possível!
Edison Pires


















