Policial aposentado é condenado a 12 anos de reclusão por espancar jovem até a morte em Sorocaba
Publicado em:
24 de outubro de 2025 às 11:01:00

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Lucas Lopes, de 23 anos, foi linchado por policiais no dia 1º de janeiro de 2019, no bairro Habiteto, em Sorocaba. Júri popular de Alessandro Cardozo de Macedo foi realizado nesta quinta-feira (23).
O policial militar aposentado Alessandro Cardozo de Macedo foi condenado a 12 anos de reclusão em regime inicial fechado por espancar até a morte o jovem Lucas Lopes, de 23 anos, no dia 1º de janeiro de 2019, no bairro Ana Paula Eleutério, conhecido como Habiteto, na zona norte de Sorocaba (SP). O júri popular foi realizado nesta quinta-feira (23).
Lucas havia saído de casa para comemorar o Ano Novo com amigos, mas não voltou mais para casa. Matheus Lopes, irmão dele, relatou que três policiais estavam em patrulhamento pelo entorno do bairro para uma operação contra os bailes funk que acontecem nas ruas. O jovem estava correndo pela rua, quando foi abordado pelos agentes.
"Ele estava curtindo com os amigos e correndo na rua, mas havia um policial que estava atrás de toda a 'molecada' que estava na rua, como uma forma de repressão e não ficar na rua. Eles correram em direção ao meu irmão, que foi direto para a casa de um vizinho nosso, mas foi alcançado. A partir disso, ele começou a apanhar muito", lembra.
Segundo o familiar, Lucas chegou a ser defendido por moradores da região e recebeu apoio, mas não foi o suficiente. Aos moradores, o policial teria afirmado que o jovem roubou um carro, mas alterou a versão logo em seguida, dizendo que ele teria atirado uma pedra em direção à viatura.
"O policial disse que ele tinha roubado um carro, mas os vizinhos disseram que conheciam o Lucas e sabiam que ele era um menino trabalhador. Logo depois disso, ele alterou a história e disse que ele teria atirado uma pedra contra a viatura. Quando eu e minha mãe chegamos para socorrê-lo, ele já estava desmaiado", conta.
Matheus ainda alega que, mesmo chegando ao local para levar o irmão ao hospital, ele e a mãe acabaram hostilizados pelo policial, que teria apontado um revólver em direção a eles. Ele detalha que, durante a abordagem, sentiu muito medo de ser agredido pelo agente.
"Nós dois tentamos chegar perto, mas o policial sacou a arma e disse que atiraria se nos aproximássemos. Minha mãe, no instinto de ajudar o filho, até bateu no revólver de um dos agentes, avançou e começou a debater com ele. Em resposta, o policial disse que 'se não quisesse que nada acontecesse com o filho, que deixasse ele dentro de casa'", aponta.
Mesmo no chão, Lucas tentou rebater as afirmações dos policiais antes de ficar inconsciente. Ele foi socorrido e encaminhado ao hospital pela própria família, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
"Durante a discussão, o Lucas tentou mexer o dedo com o intuito de dizer que não havia feito aquilo e, mesmo no estado que ele estava, os policiais se recusaram a socorrê-lo. Ele ficou cerca de meia hora desacordado, quando deram a ordem para 'tirá-lo daqui'", diz.
"Eu coloquei o meu irmão no carro e dirigi com uma mão no volante e outra tentando fazer massagem cardíaca nele, mas ele não conseguia respirar e cuspia muito. No PA, ele chegou a perder o pulso, mas foi reanimado, entubado e levado para a UTI. Uma hora depois, ele morreu", completa.
Uma amiga da família afirmou à época do crime que Lucas estava sob efeito de bebidas alcoólicas.
Em nota enviada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) reforçou que a Polícia Militar é uma legalista e não compactua com desvios de conduta dos agentes.
Fonte: g1















