Na CPMI Zambelli lê recado de baixo calão e Maia repreende: 'Não é lugar de pornografia'
Publicado em:
18 de outubro de 2023 19:48:00
Atualizado em:
18 de outubro de 2023 19:49:15
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A deputada Carla Zambelli (PL-SP) foi repreendida, nesta quarta-feira (18), pelo deputado Arthur Maia (União-BA), que é presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro.
Zambelli foi a única parlamentar alvo de pedido de indiciamento no relatório final, apresentado na terça-feira (17) pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Ao conseguir tempo para direito de resposta em meio à discussão do parecer, Zambelli leu uma mensagem que recebeu em uma rede social contendo palavras de baixo calão. Maia rebateu, afirmando que ali não era "lugar de se falar pornografia". Veja abaixo o diálogo entre os dois:
Bate-boca na reta final da CPMI dos atos de 8 de janeiro. A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi citada no relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e, em seu direito de resposta, leu um comentário de usuários do X, antigo Twitter, com palavras de baixo calão. O… pic.twitter.com/OZhZ18VASG
Zambelli: "Ontem, depois do pedido de indiciamento, eu coloquei no meu Twitter, e os primeiros três comentários foram os seguintes... Me desculpe pelas palavras, eu vou ter que quebrar o decoro, mas eu vou ter que ler: 'Tchau, pistoleira. Vai para a cadeia mam*r a rol* do teu presidente genocida'."
Maia: "Vou pedir para a senhora evitar isso nessa CPMI. Estou lhe concedendo a palavra com todo respeito, mas isso aqui não é lugar de se falar pornografia. A senhora, por favor, contenha a sua fala, respeite esse ambiente porque não é razoável a senhora vir para cá tratar dessa forma."
Zambelli: "Não é minha fala. Essa fala é resposta de pessoas como esse senhor que me antecedeu e falou que eu sou uma pessoa violenta, me chamando de extremista, quando na verdade eu só sofro as consequências por ter sido a única parlamentar indiciada."
Maia pediu, em seguida, que as palavras de baixo calão fossem retiradas das notas taquigráficas, que colocam a reunião em texto. "Todos nós que somos pessoas públicas e temos redes sociais estamos sujeitos a sermos ofendidos. Mas isso não nos dá o direito de vir para cá, para um ambiente de uma CPMI, transmitido em rede nacional de televisão, falar palavras de baixo calão. Pelo amor de Deus!", acrescentou o presidente da CPMI.
Citada por três crimes, Zambelli se defende de pedido de indiciamento
Zambelli aproveitou o tempo de fala para se defender do pedido de indiciamento feito por Eliziane. "Eu me coloquei à disposição dessa CPMI para ser acareada, para vir aqui como convidada ou como convocada. Em nenhum momento em tive direito de me defender. Ou seja, estou sendo indiciada sem qualquer direito à defesa", disse.
A deputada acrescentou que também não teve oportunidade de defender o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) da acusação de ter contratado o hacker Walter Delgatti Neto, após contato feito por ela, para tentar fraudar o sistema eleitoral.
"A única coisa que aconteceu foi reunião entre presidente e hacker que, inclusive, é um mentirosão (sic) contumaz. Não foi contratado com dinheiro público, mas para mexer nas redes sociais e isso ele não fez, por isso não foi pago", declarou.
Zambelli indicou ainda que vai acionar Eliziane na Justiça pela quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático, aprovada pela CPMI, e pelo vazamento de fotos privadas.
"Foi uma série de injustiças cometidas aqui, sem direito a qualquer direito de defesa, e sem apresentação de nenhuma prova. [...] Eu vou dizer o que isso significa para mim: é mais uma medalha que eu carrego no meu peito de honestidade, de extremismo a favor da vida, contra as drogas, a favor de Israel. Isso sim eu sou extremista. Sou extremamente ética, honesta e coerente", completou.
O que consta no relatório contra Zambelli
A relatora atribuiu quatro crimes a Zambelli: associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito de golpe de Estado "por aderir subjetivamente às condutas criminosas de Jair Messias Bolsonaro e demais indivíduos em seu entorno, colaborando decisivamente para o desfecho dos atos do dia 8 de janeiro de 2023".
Eliziane apontou Zambelli como "uma das parlamentares mais atuantes no bolsonarismo" e a pessoa "diretamente responsável" por apresentar Delgatti a Bolsonaro. O relatório também cita a deputada como uma das pessoas que estiveram com o então ministro da Justiça Anderson Torres em 2022 para tratar da possibilidade de adiamento do segundo turno das eleições.
"Zambelli sempre foi considerada a 'bolsonarista das bolsonaristas' no âmbito parlamentar" e "tinha suas condutas pautadas única e exclusivamente pelo que o 'bolsonarismo' acreditava", escreveu Eliziane. "Não há como ignorar a relação simbiótica existente entre o 'núcleo-duro' bolsonarista, reconhecidamente golpista, e Carla Zambelli. A parlamentar definitivamente fazia parte dele", completou a relatora.