Meningite em crianças preocupa especialistas com mais de 24 mil casos confirmados no Brasil em dois anos
Publicado em:
22 de novembro de 2024 às 20:37:00
Atualizado em:
22 de novembro de 2024 às 20:37:18
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Governo lança plano para eliminar a doença até 2030 e médica alerta sobre sinais e prevenção
A meningite é uma daquelas doenças que, só de ser mencionada, gera preocupação nos pais. Isso não é à toa: trata-se de uma inflamação nas membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por vírus, bactérias, fungos e protozoários. A forma bacteriana, em especial, é a que apresenta maior risco e exige maior atenção.
Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2023, o Brasil registrou 26.132 casos notificados de meningite, com 16.455 confirmações em crianças. Até outubro de 2024, embora tenha ocorrido uma redução para 15.580 notificações, mais de 8.357 crianças pegaram a doença. Desse total, a maior parte dos casos aconteceu em crianças com menos de um ano.
Para enfrentar esse desafio, o governo brasileiro lançou o Plano Nacional para derrotar as meningites até 2030, que visa aprimorar a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. Mas como os pais podem proteger seus filhos e identificar os sinais da meningite a tempo? A Dra. Carolina Brites, Médica Infectologista Pediátrica, compartilha orientações valiosas para ajudar as famílias a entenderem melhor essa doença.
De acordo com a Dra. Brites, “a meningite é uma das doenças imunopreveníveis mais temidas”. Isso se justifica pelas altas taxas de mortalidade e pelo impacto severo que pode ter nos sobreviventes, especialmente se o diagnóstico e o tratamento não forem realizados com rapidez. As meningites bacterianas, em particular, requerem intervenção imediata com o uso de antibióticos que combatem as bactérias mais comuns. Por outro lado, as meningites virais são menos graves e o tratamento foca mais no alívio dos sintomas.
O grande desafio para os pais está em identificar os sinais da meningite, que podem ser sutis, especialmente em bebês. Segundo a Dra. Brites, “em recém-nascidos e lactentes, os sinais podem ser inespecíficos: irritabilidade, febre, dificuldade de alimentação, e até a fontanela pode ficar abaulada”. Muitas vezes, esses sintomas podem passar despercebidos ou ser confundidos com outras doenças. Já em crianças mais velhas, os sinais são mais específicos e incluem febre alta, dor de cabeça, vômitos persistentes e rigidez no pescoço.
A rapidez na busca por atendimento médico é essencial. A Dra. Brites ressalta que levar a criança ao médico assim que os sintomas surgirem pode fazer toda a diferença no desfecho. No exame físico, os profissionais de saúde buscam sinais específicos, como os de Kernig e Brudzinski, para confirmar a meningite.
Uma das principais estratégias de prevenção é a vacinação. O Programa Nacional de Imunizações do Brasil é reconhecido por sua abrangência, mas ainda possui lacunas. “Temos vacinas contra várias meningites bacterianas, mas a vacina contra o tipo B, por exemplo, não está disponível no sistema público”, explica a Dra. Brites. Isso cria uma vulnerabilidade, pois a cobertura ideal seria ter acesso a todas as vacinas disponíveis para uma proteção completa.
A conscientização dos pais é fundamental. “O ideal seria que todos tivessem acesso a todas as vacinas, mas, enquanto isso, é importante que os responsáveis façam o possível para aumentar a imunidade das crianças”, destaca a especialista. Além disso, estar atento aos sinais e buscar atendimento médico imediato em caso de suspeita de meningite são atitudes que podem salvar vidas.
Por fim, a Dra. Brites reforça a mensagem sobre a importância da vacinação: “Vacinar é a melhor forma de prevenir a meningite”. Ela aconselha que, diante de qualquer sinal ou sintoma que possa indicar a doença, os pais não hesitem em buscar ajuda médica. A avaliação e o tratamento precoces aumentam as chances de evitar complicações. Com informação, prevenção e atitude, é possível proteger as crianças e minimizar os impactos dessa doença tão preocupante.
Sobre Carolina Brites
Carolina Brites concluiu sua graduação em Medicina na Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2004. Especializou-se em Pediatria pela Santa Casa de Santos entre 2005 e 2007, onde obteve o Título de Pediatria conferido pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
Posteriormente, especializou-se em Infectologia infantil pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e completou uma pós-graduação em Neonatologia pelo IBCMED em 2020. Em 2021, concluiu o mestrado em Ciências Interdisciplinares em Saúde pela UNIFESP.
Atualmente, é professora de Pediatria na UNAERP em Guarujá e na Universidade São Judas em Cubatão. Trabalha em serviço público de saúde na CCDI – SAE Santos e no Hospital Regional de Itanhaém. Além disso, mantém um consultório particular e assiste em sala de parto na Santa Casa de Misericórdia de Santos. Ministra aulas nas instituições de ensino onde é professora.