Consumo de álcool cresce e aumenta os riscos de contrair hepatite
Publicado em:
8 de julho de 2019 às 20:20:27
Atualizado em:
30 de novembro de 2022 às 17:58:43
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Muito prazer, eu sou a maior glândula do organismo, localizada logo abaixo do diafragma, à direita da cavidade abdominal. Sou responsável pelo metabolismo da glicose, das proteínas, de medicamentos, armazenamento da vitamina “B” e do ferro, coagulação sanguínea e produção de bile para a digestão de gorduras.
Se todos tivessem a consciência da importância do fígado para a manutenção da saúde, possivelmente, o cuidado dispensado a esse órgão seria muito diferente. Mas não é isso que mostram os números.
O fígado está sendo maltratado basicamente por um tripé formado pelo consumo excessivo de gordura, açúcar e álcool. Este último cresce a índices alarmantes e chama a atenção dos órgãos de saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil passou de 6,2 litros de álcool puro per capita anual para 8,9 litros. Com um aumento de 43,5%, o consumo está acima da média mundial, que é de 6,4 litros.
O Brasil, segundo a OMS, é o 9° país das Américas no ranking de consumo de álcool e, apesar das doenças provocadas pelo alcoolismo serem uma realidade, o Ministério da Saúde não apresenta números relacionados aos gastos com tratamento. Segundo Dr. Renato Hidalgo, médico hepatologista do Hospital Evangélico de Sorocaba, esse fato está relacionado à dificuldade de diagnóstico. “Os sintomas são, geralmente, associados à ressaca, como dor de cabeça, mal-estar, mas não à hepatite. Quando surgem sintomas mais graves, como icterícia (amarelamento dos olhos e da pele) ou edema (inchaço pelo corpo), o paciente já pode ter desenvolvido um quadro de cirrose”, explica. Já, os Estados Unidos (EUA) ocupam a 4° colocação no ranking e, naquele país, o álcool se tornou uma ameaça à saúde e aos cofres públicos. O custo com tratamentos de alcoolistas é de 2,5 bilhões de Dólares, por ano.
Para o fígado, o consumo de álcool pode causar hepatite, esteatose (que é o acúmulo de gordura) e cirrose (esta última, a mais grave). Geralmente, quando se fala em hepatite associamos a dois tipos de vírus, “b” e “c”, que são as causas infecciosas, mas ainda existe a alcoólica, provocada pela ingestão excessiva de álcool. Estudos indicam que 35% das pessoas que consomem álcool diariamente, por um período de 10 anos, irão desenvolver a doença. Mas, segundo o médico, esse seria o tipo crônico que se surge em pessoas que consomem álcool com frequência, mas existe também o tipo agudo. “A hepatite aguda ocorre quando se consome uma quantidade exagerada de álcool em um curto espaço de tempo e o fígado não consegue processar, causando uma inflamação. É muito comum em adultos jovens e adolescentes”.
[caption id="attachment_2226" align="aligncenter" width="1842"] Dr. Renato Hidalgo, médico hepatologista do Hospital Evangélico de Sorocaba[/caption]A medicina ainda não chegou a um consenso sobre o surgimento da hepatite alcoólica, pois uma porcentagem de pessoas em situação de risco não desenvolve a doença. Por isso, acredita-se que fatores genéticos influenciem. “As pessoas não são iguais em relação à capacidade de metabolizar o álcool. Inclusive, estudos mostram que as etnias, seja no caso do indivíduo oriental, ocidental ou indígena, processam a bebida de forma diferente”, esclarece o hepatologista.
Atenção: as mulheres são mais sensíveis à doença!
As mulheres, de maneira geral, são mais sensíveis ao consumo abusivo de álcool. Já foi comprovada a relação com a infertilidade e o câncer de mama. Em relação à hepatite, o risco se torna maior em mulheres que consomem 20 gramas de álcool/dia por um período de 10 anos, enquanto, nos homens, o risco é para 60 gramas/dia. Ou seja, o consumo excessivo é muito mais prejudicial a elas.
E a situação é que as mulheres estão bebendo cada vez mais e reagindo mal a isso. Atualmente, para 10 dependentes de álcool, quatro são mulheres. Há uma década, a proporção era de um para 10. “As propagandas e a sociedade vendem a ideia de que a mulher tem que ser igual ao homem, inclusive, em relação à bebida. Mas o organismo delas é diferente”, diz o médico.
A boa notícia é que a hepatite alcóolica tem cura, sendo tratada com medicamentos. “Antes, é claro, a pessoa deve suspender ou cortar o uso do álcool. Ao surgimento dos primeiros sintomas, é necessário procurar um especialista que vai indicar a medicação adequada, isso em relação à hepatite aguda. Quando se trata do paciente crônico, pode ser necessário o acompanhamento de outros profissionais, como psicólogo ou psiquiatra”, detalha Dr. Hidalgo.
Para o hepatologista do HES, errado não é beber moderadamente e socialmente. O problema é não ter bom senso. “O jeito seguro de consumir bebidas alcoólicas é beber eventualmente, com responsabilidade e em pequenas quantidades”, frisa. O fígado agradece!
O Hospital Evangélico de Sorocaba está localizado na Rua Imperatriz Leopoldina, 136, na Vila Jardini. Mais informações podem ser obtidas pelo site: www.hospitalevangelico.org.br.
Fonte: Q Notícias