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A prepotĂȘncia do dia-a-dia - Coluna do Edison Pires

Publicado em:
30 de abril de 2022 Ă s 17:28:24
Atualizado em:
30 de novembro de 2022 Ă s 17:55:07
A prepotĂȘncia do dia-a-dia - Coluna do Edison Pires
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Numa época onde a inclusão social estå em alta, onde o "politicamente correto" nos é cobrado 24 horas por dia - nos mantendo atentos para evitar deslizes que possam ser considerados como atos racistas, homofóbicos, antissociais, etc - me causou estranheza o comercial da cerveja Heineken que, para divulgar sua cerveja Zero Álcool, optou por expor o constrangimento de quem é excluído de um determinado grupo por não consumir bebidas alcoólicas.

Procurei entender em quais fatos a agĂȘncia que produziu o comercial se baseou para fazer esse filme publicitĂĄrio. De acordo com algumas publicaçÔes, "ao invĂ©s de destacar as vantagens de tomar a bebida a marca dessa vez voltou os olhos para um 'tabu' dos cĂ­rculos sociais: a nĂŁo aceitação dos brindes com pessoas que optaram por nĂŁo tomar uma bebida alcoĂłlica ao longo da HistĂłria. Batizada de "Cheers with No Alcohol. Now You Can" (algo como "Brinda sem ĂĄlcool. Agora vocĂȘ pode" em portuguĂȘs), a campanha criada pela Publicis Italy conta com um comercial de 70 segundos que ilustra diferentes perĂ­odos onde nĂŁo era socialmente aceitĂĄvel fazer 'tim tim' com os colegas sem ter um copo cheio de ĂĄlcool na mĂŁo. Isso vai desde os anos 20 atĂ© a Ă©poca dos vikings, aos olhos da peça, que termina a brincadeira lembrando que a Heineken 0.0 enfim resolve esse 'problema' tĂŁo duro da sociedade".

Tudo bem! Mas, continuo achando que é de um mau gosto tremendo, além de ser ofensivo. Conheço muita gente que não bebe e não pode beber, que também não achou esse comercial "tão normal assim".

Se hoje, algumas expressÔes usadas durante anos seguidos e que vieram de geraçÔes passadas - até mesmo por questÔes culturais - não podem mais ser utilizadas por serem consideradas ofensivas e pejorativas, porque promover o constrangimento de quem não consome ålcool, pode? Onde estå a graça?

O comercial desperta a ideia de que a sociedade nĂŁo evoluiu e continuava a nĂŁo aceitar brindes com aquele que nĂŁo tivesse ĂĄlcool no copo, atĂ© o momento em que a marca disponibilizou a cerveja zero, que tambĂ©m nĂŁo tem ĂĄlcool (!?). Onde estĂĄ a coerĂȘncia nisso?

A cena final da propaganda mostra uma pessoa deslocada do grupo, num canto do bar, que ao receber uma garrafa de cerveja zero (a Heineken como libertadora de tabus) tem a permissĂŁo dos amigos para brindar. É muita prepotĂȘncia!

Isso me traz Ă  mente algumas situaçÔes idĂȘnticas que vivemos diariamente, nĂŁo concorda?

Edison Pires

 
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