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A estranha certeza de que os fatos se repetem! - Edison Pires

Publicado em:
26 de maio de 2019 18:00:00
Atualizado em:
30 de novembro de 2022 17:56:56
A estranha certeza de que os fatos se repetem! - Edison Pires
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Lembrando da afirmação de que fatos sempre se repetem, mas em épocas, locais e com pessoas diferentes, independente da linha do tempo, ou seja, não é necessário que se aguarde anos, décadas ou séculos para que isso ocorra, dois temas me chamaram a atenção esta semana.

Assistindo ao programa do Fernando Gabeira, no canal GloboNews, no domingo, quando ele mostrava a luta dos moradores da cidade mineira de Caldas para preservar o paraíso ecológico de Pedra Branca, que estava sendo devastado pela extração de granito, me deparei com fatos que me levaram a um passado recente. Acredito que você, amigo leitor, também vai notar certa semelhança no ocorrido.

Os moradores se organizaram e saíram às ruas para protestar contra a ação predatória. Com cartazes nas mãos, faixas e no grito, deixaram o recado de que a comunidade não iria mais aceitar a contínua agressão ao meio ambiente. Eram “meia dúzia de gatos pingados” contra empresários afortunados, inclusive com dinheiro estrangeiro, já que o material extraído de Pedra Branca é de rara qualidade. Houve também uma ação popular na Justiça.

Pois bem, todo esse movimento acabou resultando em uma decisão favorável ao povo. Ficou definido que não seriam mais liberadas autorizações para a abertura de novos pontos de extração. Só iria ter direito à atividade, aquele que já dispunha das devidas liberações. A comunidade comemorou. Mas por pouco tempo!

Alguns dias depois a Câmara Municipal, numa atitude inesperada, aprovou uma lei que, através de alterações de localização de áreas protegidas facilitava a emissão de licenças para novos pontos de extração. A revolta foi geral. A população lotou a Câmara para protestar. Houve discussão, discursos e apontar de dedos. E o caso foi parar na Justiça e, ao que parece, tudo está embargado.

Já o segundo fato também envolve empresa de grande porte, meio ambiente e uma comunidade assustada, ou melhor, aterrorizada, que a qualquer momento pode ser devastada por uma avalanche de água e lama. Trata-se da cidade de Barão de Cocais, também em Minas Gerais, onde a barragem da mina Gongo Soco, pertencente à empresa Vale, está cedendo cerca de 10 cm por dia. Pode ser que até a publicação desta coluna ela tenha se rompido.

O fato que se repete neste “repetitivo” episódio e que mais me chamou a atenção não é o envolvimento da mesma empresa numa tragédia anunciada; não é a irresponsabilidade de executivos, engenheiros e técnicos; não é a cegueira pelo dinheiro; não é a vista grossa de órgãos fiscalizadores – porque esse problema não começou no mês passado, não é mesmo? O que me chamou a atenção foi a resposta de um aposentado que se viu obrigado a abandonar sua casa: “Não se trata apenas de salvar a minha vida, mas e a vida que construí aqui? Vou viver de favor na casa de alguém, ou num quarto de hotel pago pela Vale? Ela não está salvando a minha vida”, disse o homem. Isso sem contar que centenas de moradores estão, dia e noite, na expectativa de ouvir o soar da sirene para abandonar tudo e correr morro acima. Uma verdadeira tortura psicológica!

Boa sorte aos moradores de Barão de Cocais!

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