Para muitos, o frio não beleza e nem poesia: é risco! - EDITORIAL
Publicado em:
12 de julho de 2025 às 12:00:00
Atualizado em:
11 de julho de 2025 às 14:50:41

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Neste inverno de 2025, o Brasil tem enfrentado uma das ondas de frio mais intensas dos últimos anos. Termômetros em regiões do município e de cidades vizinhas têm marcado temperaturas mínimas próximas a 2 °C — um cenário atípico, mas não inédito, que vem desenhando paisagens dignas de cartão-postal, especialmente nas áreas rurais, onde geadas cobrem o solo como um véu branco e silencioso. No Sul do país, já nevou, enquanto o Sudeste tem vivido madrugadas que congelam não apenas os campos, mas também escancaram a dura realidade das ruas.
Em São Roque, por exemplo, duas mortes trágicas de pessoas em situação de rua acenderam o alerta. Um homem foi encontrado sem vida sob a marquise de uma agência bancária. O outro, em uma praça da cidade, no fim de uma tarde extremamente fria. As causas exatas ainda são apuradas, mas é inegável que o frio extremo foi fator agravante, especialmente quando somado a condições de saúde debilitadas e à total exposição às intempéries.
A prefeitura da vizinha cidade afirma que oferece abrigos e suporte à população em vulnerabilidade, mas também relata a resistência de parte dessas pessoas em aceitar ajuda — por medo, desinformação, ou até mesmo por experiências traumáticas anteriores. O fato, no entanto, é que o acolhimento está disponível, e isso faz toda a diferença.
Em Araçariguama, o Fundo Social de Solidariedade desempenha esse papel. Além do atendimento às pessoas e famílias em vulnerabilidade, realiza a Campanha do Agasalho 2025, que recebe doações de roupas e cobertores na Rua Coronel Joaquim Augusto, 242, no centro da cidade. É um gesto que pode representar a diferença entre a vida e a morte para quem dorme ao relento.
Enquanto muitos celebram as manhãs geladas com fotos da geada e xícaras de chocolate quente, é preciso lembrar que o frio, para muitos, não é poesia — é risco. Que este inverno sirva não apenas para contemplar a beleza da estação, mas também para despertar um olhar com mais empatia para quem não tem onde, como e com o que se aquecer. Porque o frio não escolhe corpos — mas nós podemos escolher o acolher.