Obras aleatórias revelam cidade sem planejamento! - por Edison Pires

Vamos à coluna!

Torço para que em algum dia o ato de administrar uma cidade, um Estado ou a própria União, seja igual administrar uma empresa. Garanto que você nunca viu empresário rasgar dinheiro da empresa com banalidades. Muito menos dispensar um único centavo sem que tenha feito o mínimo de planejamento. O empresário sabe que dinheiro custa caro e que, por isso, deve ser valorizado ao máximo.

Claro que isso não é unanimidade, tem muito empresário fazendo o que não deve. Na verdade, na vida nada é unanimidade. Mas garanto que no mundo corporativo esse pensamento ocorre em 99% das vezes.

Outra mudança que vejo, é que as eleições deveriam ocorrer a cada dois anos, sem reeleição. E sim, Prefeitura deve dar lucro, pois o imposto é um investimento que toda a sociedade faz mensalmente faça chuva ou faça sol, e o retorno em obras e serviços públicos de qualidade são na verdade, os rendimentos dessas aplicações. Então, sim, Prefeitura, Estado e União têm que dar lucro!

O modelo atual é muito confortável para o administrador com terceiras intenções. Muitas vezes ele deixa de atender a população por 3 anos inteiros com a desculpa de sanar problemas deixados pelo antecessor - só para atender interesses do grupo -, e somente no quarto ano, às vésperas da eleição é que começa a entregar obras pensando na reeleição. Uma tática antiga, desprezível, corrupta que faz o cidadão de bem sofrer, mas que beneficia aqueles que tiram todo tipo de vantagem, sem nenhuma dor no coração.

Como disse lá no início, não tenho contato com nenhum político da cidade. Por isso, não defendo A, B, C, D ou E. Apenas digo o que vejo. Falo do presente, por ser o que estamos vivendo e é o que nos interessa, pois só a ele cabe construir o futuro que teremos. O passado já foi e carrega com ele o que deve carregar de bom ou de ruim. Aliás, num passado bastante recente temos história bem parecida, mas com agravantes. Então seria justo lembrar o passado por inteiro, e não apenas a metade, inclusive citando a quem ele apoia.

Bem, ano após ano, vemos a cidade de Araçariguama crescer sem nenhum tipo de planejamento, sem nenhum Norte que a direcione e a prepare para o futuro que já bate à sua porta. A cidade parece navegar ao gosto da corrente e do vento. Uma nau carregada com joias e muito dinheiro e riqueza que pode transformar para melhor a vida das pessoas num piscar de olhos, mas, que até agora não parece saber em qual porto atracar.

Hoje, a impressão que se tem é que a disputa política entre aqueles que almejam comandar o município pelos próximos 4 anos, está aquém dos reais interesses da cidade. O que se vê são jogadas e estratégias politiqueiras que muito pouco somam algo de positivo. Também não faltam apontar de dedos, denúncias (algumas com certo teor relevante) e a tentativa constante de mostrar que um é sempre pior do que o outro, e, que um fez mais do que o concorrente. Nada além disso. 

No meio desse embate fica o eleitor que, aparentemente, está dividido em três grupos distintos: aquele que defende sua preferência simplesmente política, por admiração ou ideologia; aquele que não quer perder vantagens, e, o grupo que quer começar a levar vantagens. Pelo que se tem visto, infelizmente, estes dois últimos parecem somar a maior parte do eleitorado.

O amigo leitor que me acompanha toda semana, já deve ter percebido que não existe uma coerência estratégica nas realizações que estão sendo entregues à população. São aleatórias, numa triste demonstração de total descompasso com os verdadeiros anseios e necessidades do município. Grande parte do que a cidade está recebendo vem de dinheiro de emendas de deputados e alguns convênios com Estado e União, pelo que se tem acompanhado nos agradecimentos durante as entregas. É algo assim: "o que vier está bom", sem se importar muito com o que seja ou com o que a cidade precisa.

Já disse aqui e repito: toda obra é importante, mas nem toda obra importante é prioritária. E essa diferença é que faz com que a cidade avance ou fique estagnada ou, pior ainda, atrase em anos seu processo de desenvolvimento.

As informações passadas por Secretários de Estado e do Município, de que Araçariguama é a segunda mais rica do Estado, a 26ª do Brasil (para cidades até 50 mil habitantes) e, que "não tem dinheiro nem para comprar papel sulfite", mostram bem a realidade ambígua que vivemos.

E o que motivou Araçariguama chegar a isso? Bom, a primeira parte é fácil explicar. Já disse isso uma vez e torno a falar. Araçariguama vai crescer com ou sem a intervenção da política partidária. Sua vocação e as vantagens naturais que oferece ao empreendedor, faz com que se torne cada dia mais rica e propicie condições espetaculares para o seu desenvolvimento. Já a segunda afirmativa, fica um pouco mais difícil. Mas uma coisa é certa: falta a atenção que ela tanto precisa e merece. Isso é inegável!

Araçariguama vive problemas terríveis na Saúde - visto o quanto a população reclama e o número seguido de manifestação de vereadores na Tribuna da Câmara cobrando melhorias -; tem probelmas na mobilidade, na falta de creches, na falta de novas linhas e horários do transporte público. Uma cidade em formação que ainda não tem o seu Plano Diretor. Uma cidade que vai receber inúmeros empreendimentos imobiliários com centenas de novas moradias, mas pouco se vê em infraestrutura que venha atender a demanda. Uma cidade que acumula atrasos e que não vê propostas que possam transforma-la para melhor.

Não sei você, mas, com tristeza e preocupação, essa é a cidade que consigo enxergar no momento, apesar do meu otimismo. A cidade não tem planejamento - se tem não mostram e poderiam evitar esse tipo de comentário - e, por esse motivo, segue à deriva!

Edison Pires