O crescimento do comércio ambulante é reflexo dos problemas gerados pela pandemia - EDITORIAL

EDITORIAL A presença de vendedores ambulantes nas ruas da grande maioria das cidades vem se tornando um problema cada vez mais crítico, tanto para autoridades que têm pela frente a difícil tarefa de regularizar tal atividade, quanto para os comerciantes regularmente estabelecidos e pagadores de taxas e impostos. O trabalho informal cresceu exponencialmente com a implementação das regras rígidas de combate ao covid-19, como o “fique em casa”, a suspensão do atendimento presencial, o número controlado de clientes dentro dos estabelecimentos e até os blackouts durante dias seguidos, que levaram muitos empresários e comerciantes à falência. Tudo isso sem contar com as demissões em massa no setor industrial e em outras áreas da atividade econômica, provenientes da diminuição da circulação de dinheiro no país. Por isso, grande parte das pessoas que foram atingidas nesse momento terrível de pandemia, encontraram na atividade informal uma alternativa para tentar sobreviver e continuar colocando comida na mesa da família. E o que se vê hoje é um avanço descontrolado em vários setores de atividades não regularizadas. E o comércio é uma delas. Enquanto, por um lado, para esses profissionais a informalidade significa uma saída para sobreviver e continuar tendo esperança por dias melhores, por outro lado, a realidade é bem diferente para comerciantes e empresários que, com muito sacrifício, ainda conseguem manter os negócios pagando impostos e driblando a crise. A grosso modo, o que se vê diariamente é a prática da concorrência desleal, uma vez que todos que se propõe a ter um negócio têm regras e deveres a cumprir. Alguns programas de governo, sejam eles do Estado ou da União, tentam equilibrar essa desigualdade e oferecer condições para que todos passem a agir dentro da formalidade. Mas, como se tem visto, ainda é muito pouco para atender ambos os lados, fazendo com que esse impasse prossiga e continue a causar problemas. Para complicar ainda mais a situação, tem o lado do consumidor que acaba aprovando esse tipo de atividade, pois encontra nela a oportunidade de adquirir diversos produtos por um preço mais em conta. Mas ele não se atenta a um novo fator preocupante, que é a qualidade dos produtos, principalmente dos alimentos. Adquirir esse tipo de produto que não conta com o devido acompanhamento, pode gerar problemas de saúde. Em Araçariguama a presença constante de ambulantes tem preocupado o comerciante devidamente estabelecido. Na verdade, isso não é de agora, há muito já se faz presente, mas os casos têm aumentado nos últimos meses em razão da pandemia. Dessa forma, os desafios que os setores competentes têm pela frente são grandes, principalmente, para manter o equilíbrio entre todos lados envolvidos.