O amanhã é hoje! - Edison Pires
Publicado em:
23 de fevereiro de 2020 18:00:07
Atualizado em:
30 de novembro de 2022 17:58:44
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Moradores de Araçariguama e de várias cidades da região têm mostrado nos últimos dias, um intenso comprometimento com a solidariedade e amor ao próximo como poucas vezes se viu. Uma resposta rápida desde aquela segunda-feira fatídica que, se não serve para solucionar os problemas dos atingidos pelas cheias e enxurradas, ao menos alivia a dor e torna menos sofrível o trabalho do recomeço. Para quem está em dificuldade, poder contar com o apoio, nem que seja de um desconhecido, é sempre reconfortante e encorajador!
Pelo que acompanhei, além das doações de produtos de primeiras necessidades, o espírito solidário se estendeu a festa de aniversário para um garoto que completava mais um ano de vida em meio a tanto caos; doação de móveis e até de uma máquina de costura, além da realização de almoços e jantares que foram distribuídos no bairro Santaella. Atitudes dignas que merecem nossos aplausos. Em pé!
Está claro que a sociedade está reagindo de maneira positiva assim que solicitada. O trabalho de alguns, tem se traduzido em benefício de muitos, num momento onde o desespero e a agonia de ver as conquistas de uma vida inteira ser levadas por água abaixo, literalmente.
Só que a solidariedade não é a única necessidade neste momento. A ação efetiva dos órgãos públicos tem que ir além de atender as emergências e tomadas de medidas paliativas. O poder público tem a obrigação de dar suporte às vítimas, mas, principalmente, tem que lutar por elas, no sentido de evitar que sejam atingidas novamente e voltem a sofrer o pesadelo que estão vivendo.
Este foi o maior caos que o município já viveu. Foi registrada a primeira morte. As perdas foram maiores. Quer dizer, tudo vem num crescente assustador. Por isso, não dá para “resolver” o agora e deixar com que o problema caia no esquecimento. Ao se falar no Bairro Tanque Velho, a nova ponte tem que vir maior e melhor projetada. Não adianta ser igual a aquela levada pela água, porque a realidade do bairro é outra, com muito mais moradias. As estradas têm que receber o mesmo grau de atenção, pois já mostravam não suportar o trânsito de veículos tão grande como o atual. Tudo o que for feito para recuperar o que a chuva estragou, tem que ser dimensionado para o futuro e não simplesmente para o agora.
Quanto ao Santaella, no abrir ou fechar das comportas do rio Tietê têm-se que exigir maior responsabilidade da empresa que opera as barragens. Não dá para aceitar como medida preventiva o alerta emitido duas ou três horas antes do local ser inundado. Há de se levar em consideração que muita gente estava trabalhando no momento do aviso. Também que idosos, crianças e doentes não conseguem sair correndo carregando roupas e móveis. Por tudo isso, acredito que houve sim falha da empresa que opera as barragens e ela tem que ajudar a resolver o problema, mesmo que seja em parceria com o Governo em seus diversos níveis, para retirar os moradores das áreas invadidas ou de risco. Caso contrário tudo vai se repetir.
A sociedade está fazendo a parte que lhe cabe. Já o poder público tem muito mais pela frente, principalmente preparar o município para o futuro e não para trinta anos atrás!