Com restrições, parte do comércio reabre e busca diminuir prejuízos em Araçariguama

A quarta-feira, 1º de abril, foi um tanto quanto diferente na região central de Araçariguama. A realidade de uma semana atrás já não foi a mesma após o Prefeito João Batista Junior, Joca, fazer mudanças na regulamentação sobre o funcionamento dos estabelecimentos comerciais e de serviços, e informar, no fim da tarde de terça-feira, 31, a abertura da rede comercial com algumas ressalvas.

De acordo com o informe municipal, as casas comerciais foram autorizadas a funcionar em seu horário normal, porém, seguindo algumas regras como permanecer com as portas entreabertas e permitir o acesso na loja apenas de um cliente por vez.

O que se observou foi uma procura maior para itens e produtos definidos como prioritários ou essenciais. Por isso, supermercados, por exemplo, têm apresentado fluxo maior de pessoas durante todos esses dias, onde é possível encontrar prateleiras desabastecidas. Por outro lado, lojas de roupas e calçados, mesmo de portas abertas, não apresentam o mesmo movimento.

O relato de quase todos os lojistas foi de preocupação com as vendas já que a população não está querendo sair gastando e sim ir ao mercado para comprar o que é necessário. Porém, a nova determinação do funcionamento do comércio está deixando parte dos comerciantes mais otimistas, principalmente aqueles que trabalham com crediário próprio e recebem através de carnês.

Alexandre Aparecido Pereira, proprietário de uma loja de roupas, informou ao GAZETA que abriu as portas nesta quarta-feira já podendo avisar seus clientes que estava recebendo as parcelas dos carnês. “Mesmo eu tendo dado férias aos meus funcionários e estar sozinho atendendo, a abertura já me disponibilizou o recebimento de parcelas antigas, que com o fechamento, não podia ser feito. Estou otimista, e em breve a nossa antiga realidade poderá voltar”, ressaltou. Na loja do Alexandre, como descreve a normativa, a entrada é permitida somente por um cliente de cada vez.

Outra preocupação é com as dívidas dos lojistas com seus fornecedores e também com suas despesas fixas, como o aluguel. Proprietária também de uma loja de roupas, mas que também vende acessórios, utensílios e produtos de beleza, Anne Moura, disse estar um pouco mais tranquila já que conseguiu conversar com seus fornecedores. “Como a situação não é somente aqui em Araçariguama, e sim mundial, meus fornecedores prorrogaram prazos de pagamentos de boletos, isso me ajudou bastante”, informou a lojista destacando também que neste período decidiu deixar funcionárias de férias e também optar por uma trabalhar meio período durante essas mudanças.

Em contrapartida, a dona de uma casa de ração na cidade, destacou que como não precisou fechar durante a semana passada, presenciou um desespero de seus clientes após as medidas da prefeitura. “Eles pensaram que iríamos fechar e as vendas aumentaram bastante, porém, no início desta semana, já voltaram ao normal, pois souberam que não iriam ficar sem nossos produtos”, informou.

Situação também registrada pela proprietária de uma loja especializada em produtos naturais. Segundo ela, seu estabelecimento não precisou ser fechado e como no local há muitas ervas para chás medicinais, as vendas aumentaram durante esses dias de prevenção contra a pandemia.

Final de semana

Mesmo alguns locais podendo trabalhar durante a semana somente por sistema de delivery, ficando proibido o consumo no local, os mesmos não puderam funcionar durante o final de semana e isso também os afetou diretamente. De acordo com o dono de uma sorveteria, os dias que a procura por seus produtos é maior são de sexta a domingo, e com as medidas, ele foi obrigado a fechar justamente nesses dias, o que afetou diretamente seus ganhos. “Na segunda-feira, cheguei aqui e o nosso WhatsApp estava cheio de mensagens com pedidos, foi complicado pois são os dias que mais vendemos. Agora, com a liberação, vamos retomar as vendas. Por outro lado, mesmo podendo o atendimento no interior da sorveteria, deixamos as cadeiras empilhadas para evitar aglomerações”, informou.

As padarias, que não podiam oferecer o consumo no local, e também não puderam abrir no final de semana, a partir de quarta-feira foram autorizadas a receber seus clientes e servi-los, ficando vedado o sistema self service. Em conversa com um proprietário de uma das padarias do município, a GAZETA foi informada que durante a última semana, as vendas caíram e se continuassem deste modo, a possibilidade de demissão seria grande.

Serviços

A esteticista Eliane Silva, que também disse que se encontrava preocupada já que todos os meses tem que pagar aluguel, água, luz, e outras despesas de seu espaço, informou que mesmo podendo trabalhar, a procura por seu serviço caiu durante esses dias. “Trabalho há 20 anos no ramo e nunca vi algo parecido, concordo que devemos nos prevenir, porém, as contas não param. Estamos mantendo certa distância aqui, minha sala fica uma cliente, a manicure fica de um lado do espaço e a cabeleireira do outro, mantendo sempre a distância e sem esquecer do álcool em gel, máscara e luvas”, concluiu.

O aluguel foi a principal preocupação da proprietária de um salão de beleza no centro da cidade. De acordo com ela, como seu espaço é pequeno, o intervalo de atendimento entre as clientes teve que ser maior e a procura caiu muito. “Sou manicure e minha filha é cabeleireira, inclusive ela nem está aqui, só vem quando tiver alguma cliente marcada. Está sendo bastante complicado, pois nossas despesas não esperam. Que tudo isso passe o mais rápido possível”, enfatizou.

Mesmo com as atuais normas, a reportagem esteve pelas ruas centrais de Araçariguama na quarta-feira à tarde e presenciou muitas lojas fechadas. Algumas traziam informativos de que não estavam atendendo por tempo indeterminado e outras que iriam respeitar as medidas estaduais, voltando somente após o dia 7 de abril.