Apoio familiar é fundamental para pacientes com perda auditiva
Publicado em:
28 de junho de 2022 às 19:30:59
Atualizado em:
30 de novembro de 2022 às 17:56:47
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Mais de 10 milhões de brasileiros possuem algum grau de deficiência auditiva, aponta pesquisa; especialista explica o importante papel da família no processo de adaptação dos pacientes
No Brasil, um levantamento feito em 2019 pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda revelou que existem cerca de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva no país, sendo que, desse total, 2,3 milhões têm deficiência severa. Os fatores para o desenvolvimento da doença podem variar entre cada paciente, mas uma coisa é certa: o tratamento adequado é fundamental para melhorar a saúde e preservar a qualidade de vida em geral.
No entanto, ainda hoje, existem alguns desafios acerca do assunto. Segundo a fonoaudióloga Tatiana Guedes, ao contrário do que muitas pessoas imaginam, não basta apenas começar a usar o AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual). “Primeiro, é preciso entender que escutamos com o ouvido, mas, na verdade, quem ouve é o cérebro. Ele é o responsável por decodificar os sons. Dependendo do tempo em que o paciente ficou em privação sonora, pode ocorrer um declínio cognitivo”, explica.
Esse fator significa que o cérebro perdeu a capacidade de dar sentido aos sons. “Portanto, o processo de reabilitação auditiva exigirá maior paciência e persistência tanto do usuário quanto da família. Por isso, o aparelho de audição não funciona como um passe de mágica, fazendo com que a compreensão da fala melhore de maneira imediata. Tudo é um processo”, destaca a especialista.
Portanto, no momento em que o tratamento com uso do aparelho auditivo é iniciado, o cérebro volta a ser estimulado, por meio da neuroplasticidade cerebral, em que novas conexões são estabelecidas. “Dessa forma, é como se o paciente fosse reaprendendo a ouvir, ou melhor, o cérebro começa a decodificar os estímulos sonoros que estão chegando até ele, agora, de maneira efetiva. A tendência, com o uso constante do aparelho, é uma melhora significativa na compreensão da fala”, esclarece.
O papel da família
Exatamente por ser um processo contínuo e que poderá influenciar em diversos aspectos da vida do paciente, o acompanhamento e apoio familiar se tornam fundamentais no processo. “A forma como as pessoas que convivem com o usuário do AASI interagem com ele é fundamental. Regras simples de comunicação são muito eficazes e motivam o paciente. Por isso, você, familiar ou amigo do usuário de aparelho auditivo, pode sempre estimular o seu uso”, recomenda.
Tatiana aproveita para citar algumas dicas de como inserir esse incentivo no dia a dia ao lado do familiar ou amigo com perda auditiva. “Podemos citar como exemplo: falar devagar, olhando para o paciente para que ele tenha apoio na leitura labial; conversar uma pessoa de cada vez para que não haja competição sonora; frequentar ambientes sem muito ruído e, aos poucos, à medida que for ocorrendo a habituação cerebral, ambientes com sons mais intensos. E lembrar sempre: por melhor e mais moderno que o aparelho auditivo seja, infelizmente, ele não é o mesmo que uma audição natural”, frisa.