Às vésperas de inauguração, Aeroporto Catarina é citado em condenação de ex-ministro
Publicado em:
23 de novembro de 2019 21:00:22
Atualizado em:
30 de novembro de 2022 17:58:32
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Matéria veiculada pela TVTEM Sorocaba, afiliada da Rede Globo, mostrou o Aeroporto Catarina como pivô da negociação que levou à condenação do ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel (PT) a 10 anos e 6 meses de prisão. Segundo a denúncia do Ministério Público, o ex-ministro cometeu tráfico de influência ao negociar um acordo com empresário da JHSF Incorporações, dona do empreendimento.
Em troca de obter o direito de operar o aeroporto a empresa fez repasses ao Partido dos Trabalhadores (PT) e a Pimentel durante campanha eleitoral de 2014, quando ele se elegeu governador do Estado de Minas Gerais.
Ainda segundo a reportagem, o processo contra o empresário José Auriemo Neto foi suspenso após ele fazer uma doação de R$ 1 milhão ao Hospital do Câncer de Barretos. Em nota à emissora, o empresário disse que já fez esse pagamento.
Condenação
Segundo a reportagem, o inquérito apurou irregularidades de caixa 2 no período em que Pimentel atuou como ministro do Desenvolvimento, entre 2011 e 2014, no governo Dilma (PT). O ex-ministro foi condenado pela Justiça Eleitoral por tráfico de influência e lavagem de dinheiro, com o agravante de abuso de poder, por ter usado o cargo de ministro para cometer os crimes.
Segundo a sentença, em 2011, Pimentel recebeu Auriemo Neto, sócio controlador da JHSF, que estava interessado na operação de aeroportos regionais no país e prometeu ajudá-lo.
Em novembro de 2011, a JHSF pediu a autorização à Anac para a construção do aeroporto em São Roque. Em julho de 2012, Pimentel reafirmou que defenderia a aprovação.
Já em setembro daquele ano, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Benê, que teria prestado serviços para a campanha de Pimentel ao governo de Minas em 2014 e ajudado no esquema de caixa 2, pediu R$ 200 mil ao Auriemo, e recebeu em espécie, descreve a sentença. Benê foi condenado na operação a 8 anos de prisão.
Em 2014, Pimentel e Benê viram a maquete do aeroporto na sede da JHSF e Benê pediu mais R$ 5 milhões. A JHSF repassou R$ 4,3 milhões ao PT para a campanha de 2014 e pagou pesquisas eleitorais para Pimentel, conforme a Justiça.
Pimentel se manifestou por meio de uma rede social na manhã desta quinta-feira (21), sobre a condenação, dizendo que não há "qualquer prova, sequer uma evidência objetiva" de envolvimento nos crimes.
Ainda conforme o político, sua defesa vai recorrer aos tribunais superiores. “A sentença da 32ª Vara Eleitoral contra mim, divulgada para a imprensa antes mesmo da publicação oficial, é absurda, injusta e juridicamente insustentável.”
A JHSF informou que "não é parte neste processo e que não foi apresentada qualquer denúncia contra a companhia. Em 2017, o controlador da empresa celebrou um acordo de colaboração com as autoridades brasileiras, já homologado pelo Superior Tribunal de Justiça, para esclarecimento dos fatos".